Embora o Brasil seja um dos países que mais realizam cirurgia bariátrica no mundo, o número de procedimentos não representa 1% dos pacientes obesos que se enquadram nos critérios para este tipo de tratamento. De acordo com a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), entre 2017 e 2022, o Brasil realizou 315.720 cirurgias bariátricas.
No entanto, dados recentes do Ministério da Saúde apontam que a obesidade atinge 6,7 milhões de pessoas no Brasil. Se considerarmos apenas as pessoas com obesidade grau 3 – IMC (Índice de Massa Corpórea) maior de 40 kg/m², o número é de 863.086 (4,07% da população). A obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 34,9 kg/m²) atinge 20% da população e a obesidade grau 2 (IMC entre 36 e 39,9 kg/m²), 7,7%.
Os números são preocupantes. A obesidade é uma doença séria, que agrava ou causa outras que doenças que podem matar. Ela não só afeta a qualidade de vida como também diminui a expectativa de vida das pessoas. E quando falo em qualidade de vida, não me refiro apenas a doenças, mas a impactos psicológicos e emocionais.
Mas por que o Brasil opera tão pouco? Por vários motivos: por desinformação, algumas pessoas ainda têm medo da cirurgia; outras não querem fazer; e uma parcela significativa não tem acesso ao procedimento. Das 315.720 cirurgias realizadas, 252.929 foram por meio de planos de saúde, 16.000 particulares e 46.791 pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ainda opera-se muito pouco pelo SUS. E os planos de saúde não são acessíveis a grande parte da população brasileira.
Para ter indicação à cirurgia bariátrica, é necessário ter IMC acima de 40 Kg/m², com ou sem comorbidades, além de comprovar que tentou emagrecer por pelo menos dois anos, sem sucesso nos tratamentos convencionais. Também têm indicação pacientes com IMC acima de 35 Kg/m², desde que possuam comorbidades, como diabetes, apneia do sono, alto risco cardiovascular, etc.
O principal objetivo da cirurgia bariátrica é ajudar o paciente a emagrecer, mas ela também traz outros benefícios, como cura ou melhora de diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia, além, é claro, de uma melhor qualidade de vida.
Vale lembrar que o sucesso da cirurgia bariátrica está relacionado ao comprometimento do paciente e ao acompanhamento com a equipe multidisciplinar. A cirurgia bariátrica é um tratamento muito efetivo para a obesidade, mas não é um milagre. A pessoa precisa aproveitar essa oportunidade para mudar os velhos hábitos de vida.
Artigo por Dr. Admar Concon Filho