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Obesidade e pandemia

Ainda – e de forma muito equivocada – muitas pessoas acham que a obesidade é desleixo. Não é. É uma doença crônica e grave, que desencadeia muitas outras doenças que podem levar à morte. Ela é tão grave que, em 2013, o American Medical Association a classificou como doença, seguido de muitas outras organizações, inclusive a OMS (Organização Mundial da Saúde).
A obesidade é, sem dúvida, um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, divulgada no ano passado pelo IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística), mostram que de 2003 a 2019, o índice de adultos obesos com mais de 20 anos, no Brasil, passou de 12,2% para 26,8%. Na população feminina, passou de 14,5% para 30,2%, enquanto na masculina, de 9,6% para 22,8%. De forma geral 1 a cada 4 pessoas acima de 18 anos estava obesa no País.

Uma situação alarmante, que voltou a ganhar destaque com a pandemia, já que pacientes obesos estão entre os principais grupos de risco da COVID-19. Um estudo publicado recentemente na PubMed, uma das principais fontes de informação científica, mostra que o risco de mortalidade de um paciente obeso contaminado pelo coronavírus é de 133 por 1000 casos. Já um paciente submetido à cirurgia bariátrica e que, portanto, perdeu peso, tem um risco de 33 por 1000. Os riscos de internação também são bem diferentes: 164 por 1000, no grupo com bariátrica, e 412 por 1000, no grupo obeso.

Uma pessoa é considerada obesa quando seu IMC (Índice de Massa Corpórea) é acima de 30. Mas tem indicação para uma cirurgia bariátrica quem possui IMC acima de 40, sem doenças associadas, ou acima de 35, com doenças causadas pela obesidade, as chamadas comorbidades. Mas por que um paciente obeso tem mais risco de ter a COVID-19 de forma mais grave?

Há vários motivos para isso. Um deles é que a obesidade provoca uma inflamação em todo o organismo do paciente, o que o deixa com maior predisposição para uma infecção. A obesidade também causa doenças como hipertensão arterial e diabetes, que são fatores que também agravam o quadro do paciente com COVID-19. Além disso, o paciente obeso já tem uma limitação da sua capacidade respiratória e, como o coronavírus ataca os pulmões, ele tende a ter uma evolução pior.

Apesar de tudo isso, nós percebemos que algumas pessoas estão com medo de fazer a cirurgia bariátrica durante a pandemia. Mas é importante que elas saibam que os riscos da obesidade são muito maiores que os riscos de serem submetidas a este procedimento. Tanto que o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) classificaram a cirurgia bariátrica como eletiva essencial para que, dessa forma, ela possa ser realizada durante a pandemia. O paciente precisa ter em mente que não sabemos quanto tempo a pandemia vai durar. Ninguém sabe. Por isso, todas as formas de prevenir as formas graves da COVID-19 precisam ser consideradas e avaliadas.

Paralelamente a tudo isso, é importante que haja uma conscientização geral sobre a doença obesidade. O paciente obeso, além de vários problemas de saúde, também enfrenta preconceito, problemas sociais e até psicológicos. A sociedade, muitas vezes, é cruel com o indivíduo acima do peso, o que só agrava a situação. É importante que ele receba atendimento, orientação e apoio. A obesidade não tem cura, mas tem tratamento, que implica, na maioria dos casos, em uma mudança social e até da dinâmica familiar.

Que este neste Dia Mundial da Obesidade, possamos refletir sobre nossas atitudes e nossos comportamentos. Só com muita conscientização conseguiremos reverter esse número crescente de obesos, seja na infância, na adolescência e na vida adulta. Difícil é encontrarmos obesos idosos, com mais de 80 anos. E sabe por quê? Porque eles morreram antes. A obesidade não só prejudica a qualidade de vida, como também reduz a expectativa dela.

Sobre Admar Concon Filho
Dr. Admar Concon Filho é cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Palestrante internacional, presidente do Hospital e Maternidade Galileo e fundador e coordenador do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Também é membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders. CRM – 53.577

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